segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O ridículo do poeta



Inúmeras as vezes
que corremos atrás das pequenas poças,
de água no topo do abismo

E tantas outras foram as vezes
que roçamos a pele na perseguição do célebre

E o silêncio meu amor? O Silêncio?
O recatado delito
Na nossa flutuação

E quando me tornavas sóbrio
no seio da tua intimidade?
Sim sóbrio- talvez ridículo,
no meu mais íntimo do ridículo

Mas porquê contigo?
Com essa tua alma efémera?
O porquê de todas as memoráveis danças
que fazias elevar este poeta - Esta carcaça
das letras e dos sentidos

Porquê? Existia algum porquê?
Alguma resposta?
Talvez haveria - há
mas o tempo é doente na resposta

Sei que ia contigo;
Ainda vou
Vou para aquele, nosso refúgio;
Sinto-o contra mim e vejo-te ali
Em todos os desejos sobrepostos

Que mais posso desejar?

terça-feira, 16 de setembro de 2008

A história do mendigo do Chiado

Sobre a calçada preta,
tu gritavas,
e gemias no erotismo do beijo;
E quando escapavas,
pelo exotismo das ruelas,
da poesia do toque
todas as verdades piedosas dançavam,
e bailavam por entre a valsa do alívio,
porque se afastavam de mim
as tormentas do ser amado
Não por aquilo que esperava-mos eu ser
Mas sim, por apesar do que era;
E assim
Todo este conto que me fazia mendigar
era o mais sincero dos diários
que fazia exultar o teu, todo, instante

domingo, 7 de setembro de 2008

O profeta de Nietzsche

Pastor que procureis no trigo
que geravas do caos?
Ceifar o que há do saber e do
conspurcar pelo que é digno?

Mas que saber existe
para a natureza do homem?
É preciso ser...
Ser o animal