terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Lusa saudade...



Jazia onde o cânon me impedira
de assentar a caneta no muro lacustre
e me proibia matizar as lembranças
da cidade dos cheiros e dos sabores,
esquecida pelos homens,
que saqueavam a sua prudência...

Mas tinha de voltar às minhas origens...

O sintoma jacobino da elite
que forçara a romper a carapaça
do que alguma vez tinha (e desejava ter) sido,
e voltei, assim, no barco a vapor que fumegava
o iníquo da minha alma para me transformar
no simples ser que vagueia ao sabor da maresia.

Já sentia, Lisboa nossa, a saudade
(Irónico o termo... a saudade é só nossa;
Nem pertence à elite inglesa (astuta)
que presunçosamente sabe de tudo)

Regressei à tua miséria,
Como lacaio que vem saborear o verde do poder...
(Essa era a minha saudade):
Terra lusa, casa da minha saudade,
tive de regressar a ti;
Já não aguentava mais o sangue
que subia a garganta pelo desespero,
pelo medo animalesco que me lancetava,
por sentir a tua falta (a tua saudade)

Voltei. Estamos juntos de novo;
O renovar do desejo soturno,
que devolvia o necessário silêncio,
para escrever nas tuas paredes
as poesias líricas, que exaltavam
o sigiloso sentido que me fazia envolver contigo,
terra minha, lavrada da estrumeira dos altos,
onde só em ti encontrava a minha saudade...

1 comentário:

Anónimo disse...

meu deus, tanto talento que tu tens...realmente mereces partilha.lo com toda a gente. Continua a escrever estas coisas lindas para que possamos lê.las =P